Dos 21 aos 29 anos, entre 1930 e 1939, Carmem Miranda foi a maior estrela do disco, do rádio, do cinema, dos palcos e dos cassinos brasileiros - recordista em gravações, vendas, cachês, salários e, principalmente, em amor. Era adorada pelo público, respeitada pelos colegas, disputada pelos veículos de imprensa, desejada pelos homens. Até então, nenhuma outra mulher fora tão famosa no país - e o Carnaval, o golpe mortal naquela história de o brasileiro ser o produto de três raças tristes. (Se era, deixou de ser, assim que Carmen descobriu a alegria brasileira). Aos trinta anos recém-feitos, em 1939, rica, bonita e independente, Carmen, se quisesse, poderia ter se aposentado, escolhido um marido e se recolhido ao seu palacete na Urca. Em vez disso, convidada para Nova York, resolveu recomeçar tudo no mercado mais disputado do mundo. Em sua noite de estréia numa revista musical da Broadway, poucos dias depois de chegar, levou apenas seis minutos para se tornar um nome nos Estados Unidos. E, então, a mágica se repetiu, só que em escala vertiginosa. Em questão de semanas, o rádio, os discos, os nightclubes, as capas de revistas, os anúncios de publicidade e até as vitrines das grandes lojas, todos queriam Carmen. Hollywood, também - e, mais uma vez, bastou um filme para seu nome ganhar dimensão mundial. Não há nenhum exagero nessas afirmações. Na verdade, elas não refletem nem sombra do que Carmen Miranda realmente significou nos anos 40 e 50.