O enredo é simples: um jovem ex-estudante que vive “na mais calamitosa pobreza” decide matar uma velha viúva “que empresta dinheiro a juros”. Por quê? A busca da resposta perpassa um romance narrado na terceira pessoa, com impressionante suspense, mas também com um monólogo interior angustiante e avassalador, para descrever “o que se passa na cabeça” do assassino. Crime e castigo marcou definitivamente a literatura mundial, sendo impossível pensar o que seria a literatura do século sem ele, dada a forma como influenciou e segue influenciando seus seguidores.
É possível que nenhum outro escritor tenha escrito tanto e com tanta profundidade quanto Dostoiévski. O mais popular e amado autor russo escrevia romances policiais e de aventuras, mas com tal complexidade psicológica que seus livros – publicados em folhetins nos jornais, como as telenovelas de hoje – alcançaram o mais alto posto na literatura universal. Em suas obras circula a alma de personagens atormentados, perseguidos no íntimo deles mesmos, marcados pelo niilismo, que o escritor deplorava, vivendo entre o bem e o mal e torturados por questões morais.