Uma pequena aldeia atravessada por um rio cristalino e rodeada por um bosque frondoso tem uma particularidade insólita: não há nela nem um único animal. Nem animais domésticos, nem silvestres; nem peixes, nem aves; nem mesmo insetos de qualquer espécie perturbam a monotonia da vida dos aldeões.
Na escola local, uma professora solteirona fala sobre os bichos que existiram outrora (cachorros, peixes, pardais) e provoca o riso em seus alunos, pois eles aprenderam em casa que tais seres são mitos dos quais nem é bom falar, para não acabar como o pobre Nimi, garoto que contraiu a doença do relincho e agora se comporta como um potro.
Mas dois garotos, Mati e sua amiga Maia, não se conformam com os rodeios e as histórias mal contadas dos adultos e resolvem investigar por conta própria, desafiando a proibição de entrar no bosque, onde reina o temível Nehi, o demônio das montanhas. Depois dessa aventura, nenhum dos dois será o mais do mesmo — nem a aldeia. Numa linguagem desenvolta, plena de humor e sutileza, Oz nos envolve num universo assombroso e fascinante, exaltando o poder do conhecimento, da independência de espírito e da ética pessoal contra as idéias feitas que perpetuam a discriminação, a intolerância, a opressão.
Não há, portanto, solução de continuidade entre a empenhada literatura adulta do escritor e esta que ele definiu propriadamente como uma fábula para todas as idades.