No verão de 1885, três franceses chegaram a Londres para alguns dias de compras. Um era um príncipe, um era um conde e o terceiro era um plebeu, que quatro anos antes fora o tema de um dos maiores retratos de John Singer Sargent. O plebeu era Samuel Pozzi, médico, ginecologista pioneiro e livre-pensador – um homem científico com uma vida particular complicada.
A vida de Pozzi se desenrolou no cenário da Belle Epoque parisiense. A bela era do glamour e do prazer mostrou também seu lado feio: histérico, narcisista, decadente e violento, com mais paralelos com nossa época do que poderíamos imaginar.
Por intermédio de John Singer Sargent, autor da pintura que dá título ao livro, e do próprio Dr. Pozzi (grande colecionador), Julian Barnes aborda um dos seus temas preferidos: a arte, cuja análise ele transforma em radiografia de toda a sociedade. E ao analisar as vidas e as obras de outros escritores célebres, como Guy de Maupassant, Barbey d’Aurevilly, Gustave Flaubert e os irmãos Goncourt, ele compõe um esplêndido e irretocável painel da vida cultural da Belle Époque, no qual não faltam os toques dramáticos do modismo dos duelos e dos assassinatos de médicos por pacientes insatisfeitos.