Nos nove contos que compõem o livro, o leitor verá sempre certo incômodo, certa maneira de estar num lugar de um modo desconfortável, uma espera sem nome e sobressaltos do entendimento desse processo. E é com esse olhar E#150; que sempre vai e volta entre o espaço de estar e o espaço de querer estar E#150; que Jhumpa trará histórias tocantes, nem sempre pelo enredo E#150; que faz da simplicidade seu trunfo E#150; mas certamente pela delicadeza de sua narrativa, e sobretudo pelo olhar arguto para tudo que revele um sentimento, uma tensão, uma espera. É assim que surge um casal na iminência da separação, vivendo seus últimos momentos sob um apagão de energia em E#147;Uma situação temporáriaE#148;; ou o menino, filho de mãe solteira, ocidental, que conhece na convivência com a babá indiana o sofrimento da saudade e da distância que ele não imaginava que houvesse (E#147;A casa da senhora SemE#148;); ou a família indiana que mora há anos nos EUA, e que lá cria os filhos segundo o E#147;american way of lifeE#148;, que encontra nas férias na Índia a ocasião para destilar sua insatisfação, sua dor, seu deslocamento, no conto que dá título ao livro. Cada conto, portanto, transita entre o ocidente e o oriente, e as personagens introjetam a tal ponto o ambiente em que vivem que são elas mesmos, mais que os representantes dos países de onde vêm, ou no qual estão, o próprio retrato dessa imensa viagem.