A ciência econômica pressupõe sempre, a nosso ver, uma determinada concepção do homem. O que acontece é que a nossa disciplina nunca elaborou o enquadramento filosófico deste seu pressuposto implícito. Antes da revolução científica e da revolução industrial – antes, portanto, do desenvolvimento da Economia Política como ciência autônoma -, a filosofia e a teologia ocupavam-se do homem na sua totalidade. Mas aquelas revoluções e o desenvolvimento da Economia Política relegaram para um plano secundário a importância da reflexão teológico-filosófica, a única capaz de abranger em toda a dimensão a problemática da natureza humana. Mais uma razão, se bem vemos, para que a ciência econômica, enquanto ciência social, se assunta como um ramo da filosofia social, tomando o homem na sua verdadeira e única dimensão, a de pessoa confrontada com escolhas morais. (...) A Economia Política não deve confundir-se com uma técnica e muito menos com uma técnica esotérica: os problemas da economia não são, na sua base, problemas técnicos que possam ser resolvidos por uma qualquer Economia técnica; são problemas políticos, que têm de ser equacionados e resolvidos na esfera da política. As realidades econômicas, o processo econômico em toda a sua complexidade devem ser analisados no contexto social, político e jurídico em que se inserem.