O prazer das letrasEm ensaio autobiográfico com nuances de linguística e história cultural, escritor revela volúpia literária O impacto das palavras abalou a infância de um menino búlgaro de tal maneira que ele não conseguiu mais largá-las. Era a literatura mostrando ao ainda pequeno Tzvetan Todorov suas garras, seu poder visceral nas histórias dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen, de Victor Hugo em Os miseráveis, e de obras como Tom Sawyer. Em uma narrativa deliciosa que mescla experiências autobiográficas com referências do pensamento literário e de grandes obras universais, Todorov faz uma prosa despretensiosa, uma conversa com o leitor, na qual se destaca sua destreza como contador de histórias e ao mesmo tempo como crítico e pensador do campo das linguagens. A edição é enriquecida com textos de Caio Meira, que além da tradução assina o texto de apresentação do livro, e de Jorge Coli, crítico de arte. Ambos enfocam o caráter múltiplo do ensaio de Todorov e apresentam conexões da literatura com outras artes e com o ensino de literatura nos bancos escolares. Cuidado: Dostoievski em mãos Todorov não é o único a “reclamar” as façanhas que prega a literatura e seus desdobramentos na vida dos leitores. Alguns se veem perseguidos ou subjugados para sempre por histórias de Dostoiesvki, Kafka, Baudelaire, Oscar Wilde, Cervantes, e personagens emblemáticos como o príncipe Míchkin e Ema Bovary. O crítico cultural e escritor norte-americano Lee Segal, em artigo publicado em 2