Uma narrativa densa e impactante dos tempos em que Graciliano Ramos esteve preso durante a ditadura de Getúlio Vargas. Publicado postumamente, Memórias do cárcere transcende a mera rememoração de fatos, configurando-se como um monumento literário e ético-político. Sem fazer menção direta a Getúlio Vargas, o escritor tece um enredo que entrelaça sua história pessoal com um momento crucial da história social do Brasil. Mais do que uma reconstrução do conturbado período de sua prisão, a densidade literária com que Graciliano relata suas experiências torna o volume um importante documento histórico e literário. Preso em 1936, no auge da repressão antidemocrática que resultou no Estado Novo, Graciliano permaneceu encarcerado por mais de 10 meses sem julgamento. Memórias do cárcere se configura, paradoxalmente, como um relato autobiográfico e um romance intenso, marcado pela emoção e pela prosa arguta do romancista. O livro traz também um posfácio escrito por Alfredo Bosi, um dos mais respeitados críticos literários brasileiros.