A janela do tempo para a humanidade está cada vez menor, especialmente diante da crise climática, escreveu Amitav Gosh no livro O Grande Desatino. Esse derangement se projeta para os modos de produção da vida material, assim também para a literatura e diversos saberes. O direito, a jurisprudência e a teoria jurídica não resultam imunes dessa interpelação sobre o estado da arte.
Os direitos da Natureza e dos Bens Culturais dialogam interpelados pelos dias correntes e vigiados pelo áspero olhar penetrante das gerações do futuro. Bem haja a iniciativa de trazer ao palco do conhecimento sobre as diversas dimensões polissêmicas do patrimônio cultural e meio ambiente textos que conjugam teoria crítica e experiência problematizadora no universo do Direito. O enaltecimento é superlativado pelo compromisso saliente de refletir sobre as causas, limites e possibilidade dos sintomas do presente.
A obra que tenho a honra de prefaciar cumpre bem a sua parte, colocando os saberes a serviço dessa esperança. São autoras, autores e textos que também ombreiam os desafios que emergem para o Brasil e a própria humanidade. Bem haja a organização do livro que coloca em oblação, nessa janela do tempo, interrogações e respostas que chamam a atenção e convocam a pensar e a agir.
Luiz Edson Fachin
Ministro do Supremo Tribunal Federal.