A angústia de um trabalhador ao entardecer de domingo, véspera da fatídica segunda-feira, aquela mesma sensação crescente de aperto no peito, aflição, pânico, desespero, piorando com o anoitecer, culminando num terrível pesadelo, solavancos, intensos suores, sobressaltos, pensamentos de ruína, solidão, angústia, porém dessa vez coroado com a presença dessa criatura horrenda, deficiente de uma perna, afirmando ser deus Hefesto, o “deus do trabalho em pessoa”. O livro se desenvolve nessa arena, frente a frente o trabalho e o trabalhador, ambos em crise existencial, o trabalhador, esse tal “espelho de deus”, em profunda angústia diante da sua vida inútil, só trabalhar, sem qualquer perspectiva de melhora e, Hefesto, um discriminado e amargurado deus do trabalho por não ter a sua divindade devidamente reconhecida, proclamando-se como o mais importante entre todos os deuses, o verdadeiro salvador da humanidade atual e das futuras gerações, o único capaz de vencer esse inimigo implacável, a crise socioambiental, resultado da degeneração do comportamento humano. O embate acontece em um mosaico de emoções, algum grau de identidade, intimidade, empatia, ensinamentos, cumplicidade, mas também xingamentos, agressões, trocas de insultos, insinuações, acusações, momentos engraçados, reflexivos sobre a vida humana diante da complexidade do mundo do trabalho, seus impactos no dia a dia e na sustentabilidade da vida humana nesse planeta.