Não nasceram os Direitos Humanos, em 1948, na Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU. A Declaração expressou o ápice de uma progressiva tomada de consciência moral e jurídica por parte de indivíduos e sociedades, consciência esta que deita as suas raízes numa longa e diversificada tradição refletida não somente em eventos libertadores e emancipatórios ao longo de toda modernidade, mas também em textos escritos e orais. Procuramos neste livro resgatar e compilar esses textos canônicos, que explicam, legitimam ou lançam luzes sobre os ideais, os projetos e as lutas de sucessivas gerações de mulheres e homens para a construção de um sistema legal garantidor da liberdade, da igualdade e da justiça. Sem nenhuma pretensão de criar uma lista exaustiva, reunimos textos publicados por seus próprios autores e autoras ou proferidos e transcritos por terceiros. Seus formatos são variados, indo desde análises sistemáticas e rigorosas, a cartas, poemas, documentos históricos ou panfletos. A seleção tem um recorte temporal específico: a modernidade. Mas este é o único recorte, já que tentamos ampliar ao máximo a abrangência geográfica, racial, de gênero e de convicções religiosas, expressivas dessa variedade. Os textos provêm, assim, do Norte e do Sul globais, do centro e das periferias, de homens e mulheres, de brancos, negros, asiáticos, indígenas. Esses textos não tratam somente de direitos que afirmam a liberdade, a igualdade e a fraternidade entre os homens, mas sim que se vol